ABM - Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração

Pesquisadores driblam dificuldades impostas pela pandemia para enviar trabalhos para ABM WEEK

Estudantes de mestrado e doutorado de engenharia de minas, metalurgia e de materiais relatam desafios para desenvolver estudos durante crise sanitária.

A pandemia de Covid-19 impôs desafios a todos nós nos últimos meses e não foi diferente na área de pesquisa técnico-científica. Diante das limitações decorrentes da crise sanitária, a realização da 6ª edição da ABM WEEK teve que ser adiada algumas vezes, pois as atividades em universidades e empresas foram afetadas durante os momentos mais agudos da pandemia. Mas com o avanço da vacinação no país o cenário tem melhorado e a vida está gradualmente voltando ao normal.

Anderson Nicolodi foi um dos pesquisadores que teve que driblar as dificuldades para seguir com seus estudos durante a pandemia. Doutorando de Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o estudante quase não conseguiu concluir seu mestrado.

“Os trabalhos de pesquisa na engenharia, de modo geral, são baseados na prática de experimentos laboratoriais. A principal dificuldade que vivenciei durante o meu mestrado foi a impossibilidade de acessar o laboratório na universidade devido às restrições sanitárias. Esta dificuldade inviabilizou de tal modo o desenvolvimento do meu projeto de mestrado que acabei tendo de migrar de área de atuação neste período”, conta Anderson.

Inicialmente, seu projeto consistia na investigação dos efeitos da oxidação de carvões coqueificáveis na formação da microestrutura porosa do coque metalúrgico, um trabalho que demandaria uma grande carga horária laboratorial. Com a pandemia, Anderson passou a atuar em um projeto de desenvolvimento de um aço ligado ao boro em uma siderúrgica brasileira.

“Este projeto possibilitou o desenvolvimento do trabalho em um modo híbrido, onde a maior parte do tempo pude atuar em home office. Se hoje tenho o título de mestre, muito se deve à parceria entre academia e indústria que possibilitou a realização do meu trabalho”.

Apesar das dificuldades, Anderson, que participou das duas últimas edições da ABM WEEK, conseguiu concluir seu projeto e vai enviá-lo para submissão, cujo prazo se encerra no dia 10 de dezembro.

“Participar da ABM WEEK é muito importante! Tenho como objetivo manter o hábito de levar trabalhos para todas as edições possíveis. O evento reúne os principais pesquisadores da academia, da indústria e engenheiros que atuam no nosso segmento, o que oportuniza excelentes trocas e discussões a respeito dos trabalhos que estão na fronteira do conhecimento, bem como suas aplicações. Além da apresentação do trabalho, a discussão posterior e as conversas nos corredores do evento enriquecem muito o nosso conhecimento e nos ajudam a criar network com os profissionais de ponta que atuam na nossa área”, afirma.

Já Gabriel Kramer, mestrando em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais na UFRGS, também enfrentou dificuldades em desenvolver seu trabalho para ABM WEEK e participar pela primeira vez da semana técnico-científica, devido às restrições ao uso dos laboratórios da usa universidade. Mas o adiamento do evento e adoção de uma estratégia possibilitou que ele enviasse seu trabalho.

“Nossa equipe adotou uma estratégia de trabalhar bastante com dados das pesquisas e projetos já realizados até início de 2020, antes da pandemia, diminuindo um pouco o impacto dessas dificuldades na elaboração do trabalho. Porém, sentimos que a pandemia trouxe muitas dificuldades também para a própria realização do trabalho escrito, para a discussão dos resultados e para a revisão. Em momentos normalizados, a rotina do laboratório deixa à nossa disposição o contato presencial com os colegas e professores, a elaboração de reuniões para discutir resultados, tirar dúvidas, realizar revisões, entre outras coisas que a pandemia acabou retirando das nossas possibilidades. Dessa forma, passamos a pensar a pesquisa muito das nossas casas, longe do ambiente de pesquisa, e passamos a depender muito de reuniões online que, por mais eficientes que sejam, exigem mais tempo para organização por parte dos envolvidos, aumentando relativamente o tempo para a escolha dos dados, a elaboração do texto-base, a discussão dos resultados e a revisão do trabalho como um todo. No meu caso, o adiamento do evento da ABM acabou sendo importantíssimo para aumentar o tempo hábil para o desenvolvimento do trabalho, permitindo uma melhora significativa na própria qualidade do trabalho escrito”, explica Gabriel.

Para ele, participar da ABM WEEK é algo que pode fazer diferença em sua vida acadêmica e profissional.“Participar como apresentador de trabalho em um evento com o tamanho e qualidade da ABM WEEK é uma experiência muito importante para nossa formação profissional, uma vez que a apresentação sintetiza aquilo que estudamos e que nos dedicamos ao desenvolver a pesquisa apresentada, nos dando possibilidade de compartilhar os conhecimentos construídos a partir da experiência em laboratório. Além disso, nos coloca em contato com uma série de profissionais e organizações, sejam das demais instituições de pesquisa ou dos centros de pesquisas da própria indústria, que proporcionam um ambiente de trocas riquíssimas no que se refere às discussões técnicas dentro e fora das nossas áreas de atuação”, comenta ele.

Foto: Anderon Nicolodi realizando experimentos no laboratório e Gabriel Kramer redigindo seu trabalho/ Crédito: Arquivo pessoal

 

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