ABM - Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração

Especialistas em segurança do trabalho se reúnem no 10º WSSO e apontam estratégias para enfrentar crises

Tema do primeiro painel do evento abordou assuntos relacionados à segurança de processo e seu impacto nas corporações

Estamos preparados para o pior cenário acidental no Brasil? Qual o impacto das ocorrências nas organizações onde aconteceram? O que é uma ocorrência de acidente de processo? Quanto as empresas perdem com isso? O tema é relevante e uma empresa pode não sobreviver ao custo de um acidente de processo. Respondendo à essas questões, o time composto pelos especialistas Alexandre Glitz, Márcio Amorosino, Américo Diniz e Jaime Lima , debateu sobre o assunto durante o Painel Process Safety do 10º Workshop de Segurança e Saúde do Trabalho (WSSO), realizado na quarta-feira (8), em Ipatinga (MG).

O moderador, Eduardo Barbosa, da Usiminas, ressaltou a importância do tema dentro do contexto organizacional e como o Workshop da ABM contribui para um rico debate de assuntos relevantes entre os profissionais e de evolução das empresas dentro de seus campos de trabalho. “Os Workshops da ABM tem transformado a região. Hoje estamos com as quatro maiores referências no Brasil sobre segurança de processo. Tenho plena convicção de que haverá mais segurança no chão de fábrica, resultados melhores e o zero acidente sendo alcançado por todas as empresas”, afirmou Eduardo Barbosa.

A segurança de processo lida com situações extremamente raras, porém catastróficas. Não podem ser negligenciadas pelas empresas e precisam ter estratégias robustas e bem alinhadas. De acordo com Alexandre Glitz, consultor da CCPS,  “todo acidente é precedido de sinais de alerta, que muitas vezes são ignorados. Isso acontece por uma questão de cultura. A cultura da negação: isso não acontece aqui. Há uma cultura de normalizar desvios”. Para haver a efetiva mudança dentro das organizações, é preciso que todos tenham comprometimento com segurança de processo, entendimento de perigos e riscos, execução da gestão de riscos e aprendizado contínuo com a experiência.

Para Jaime Lima, da DNV, é necessário ter claro qual a diferença entre segurança de processo e segurança ocupacional. Os dois projetos exigem e devem ter atenção, mas as estratégias são diferenciadas. O palestrante chamou a atenção para a conceituação de segurança, que se traduz em eliminar, quando possível, a redução de riscos inerentes às atividades. “Conhecer os riscos e quais as barreiras associadas é fundamental. Bom desempenho ocupacional não significa bom desempenho em segurança de processo. Segurança de processo exige conhecimento e controle dos riscos de processo”, explica Jaime.

Risco Zero

O fato abordado por todos os palestrantes é que não é possível ter risco zero, mesmo nas mínimas atividades do dia a dia, como tomar um café. Se a empresa está operando e busca criar valor, há um risco. Riscos são inerentes a qualquer empreendimento e não podem ser eliminados. Eles precisam ser gerenciados e mitigados, pois são probabilísticos. É possível baixar o risco onde há o máximo de comprometimento e conhecimento aplicado.
Márcio Amorosino, da Dupont, reforçou esse conceito dizendo que muitas vezes a organização reconhece o risco, investe no controle e depois perde o foco. O palestrante alerta para o monitoramento daquilo que é crítico e que deve receber investimento nos controles. “A mente pode nos trair: não acontece, então não me atrai, não é foco. E deve ser exatamente o contrário. A percepção de riscos de baixa probabilidade e grande consequência deve ser o foco para uma maior análise do cenário e gestão quando necessário”, afirma o especialista.
Dentro das comparações abordadas por Jaime, há o contexto em que para o acidente de processo há a crença de que isso não acontece e a conformidade de que o problema é do outro e, se nunca ocorreu, não ocorrerá. Ele ressalta a importância da necessidade de mensurar o nível de dano que pode ser gerado.

Globalização

“O grande desafio é a criação de projetos para identificar cenários de risco maior, quais as barreiras preventivas para incorporar na organização uma gestão dos maiores perigos presentes. Por isso, há essa convergência para que todos falem a mesma linguagem. Uma universalização, dos parâmetros de medição de níveis de risco e de ações para evitar acidentes”. Essa é uma fala de Américo Diniz, da RSE Consultoria, que trouxe uma visão global sobre o tema mostrando que hoje há um alinhamento no que se refere a tipificação de riscos, facilitando o diálogo entre os profissionais do setor.
Para além disso, veio a questão que as empresas com melhores desempenhos na prevenção de grandes acidentes não necessariamente têm os melhores sistemas, padrões ou procedimentos. O grande diferencial das organizações está na cultura e na gestão de confiabilidade de ativos e o compromisso de cada indivíduo no processo.

Mesa Redonda

Para fechar uma manhã brilhante, os palestrantes debateram à luz de perguntas enviadas pela plateia. Segundo eles, a tolerância aos acidentes de processo é cada vez menor. Sendo assim, há uma maior exigência por parte das empresas. O processo de treinamento e de conscientização precisa se adequar à rotina da empresa. Além disso, é preciso pensar em novas formas de abordagem da equipe, para que a eficácia do treinamento e das orientações sejam maiores.

Américo ressaltou como o processo da gestão de riscos está ligada ao aspecto da confiabilidade, uma vez que os padrões e procedimentos não levam em consideração a falha humana. Sendo assim, é preciso ter uma análise mais profunda e bem elaborada de todo o processo, em função da frequência, da complexidade e da consequência de cada atividade. Márcio complementou finalizando: “para a segurança de processo, os processos de gestão são as ferramentas. Não dá para fazer pacote de implementação. Tem que se pensar em como a empresa opera e posteriormente colocar em prática”.
 

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