ABM - Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração

Segmento de moldes e ferramentas avança com novos processos e materiais

Manufatura aditiva e revestimento DLC são algumas das apostas para o futuro da indústria , segundo especialistas que participaram do Moldes ABM, realizado durante a 6ª edição da ABM WEEK.

Inovações tecnológicas aceleradas têm transformado o segmento de ferramentas, moldes e matrizes nos últimos anos, com o surgimento de novos materiais e processos produtivos. A adoção deles pela indústria passa pelo estabelecimento de novas formas de lidar com os fluxos de informação gerados na planta, acreditam profissionais do setor que participaram do 18º Encontro da Cadeia de Ferramentas, Moldes e Matrizes - Moldes ABM.

O evento, que ocorreu no dia 8 de junho, foi organizado pela primeira em 2022 como parte da 6ª edição da ABM WEEK, o que promoveu uma integração adicional do segmento aos debates mais amplos do setor minerometalúrgico e de materiais.

De fato, os desafios e as oportunidades que a indústria de ferramentas, moldes e matrizes tem diante de si neste momento espelham as transformações abrangentes que o setor como um todo tem experienciado. Processos como a manufatura aditiva e as ferramentas tecnológicas relacionadas à Indústria 4.0 aparecem neste contexto como grandes possibilidades de mudança para o segmento.

De modo geral, o avanço da tecnologia traz automação, produtividade e confiabilidade, explicaram os participantes da mesa-redonda Moldando o futuro.

“Pensando na cadeia como um todo, a questão passa por utilizar cada vez mais conhecimentos e automação de processos. Com o avanço das tecnologias, tornaremos os processos mais confiáveis, com menor perda e maiores ganhos para toda a cadeia”, afirmou Giovani Cappucio, consultor da Villares Metals.

O sucesso nesse movimento depende, entretanto, de profissionais capacitados e alinhados com as novas tecnologias e com uma gestão de informações adequada ao novo modelo.

“É nítido como as máquinas vêm avançando, com capacidades cada vez maiores de impressão, de diversidade de materiais, de propriedades mecânicas a serem atingidas”, reflete Octávio Schichi, consultor de negócios da Höganäs Brasil.

“Contudo, embora estejamos muito voltados a olhar para o material, para o equipamento e para as tecnologias, acho que a maior questão está nas pessoas. Temos que nos preparar e preparar as pessoas”, ele acrescentou.

A preparação passa também pela definição de novos parâmetros para lidar com os dados gerados ao longo do processo industrial, defendeu Danilo Assad Ludewigs, diretor geral da HEF-Durferrit do Brasil.

“Indústria 4.0 é uma revolução de que todo mundo ouviu falar, mas na qual pouca gente mergulhou. Big data e analytics se relacionam com fluxos de informação que nos permitem entender o que acontece na máquina, na ferramenta e na produção”, ele argumentou durante o encontro.

“Não vamos vender só componentes, mas também a informação. É uma outra realidade – e isso vai acontecer”, Ludewigs concluiu.

No segmento de moldes e ferramentas, algumas possibilidades específicas de inovação, que têm permitido a automatização de processos e a ampliação da qualidade da produção, têm se consolidado nos últimos anos. Os palestrantes do 18º Encontro apresentaram algumas das ferramentas e materiais que têm ganhado espaço – e que prometem transformar o setor.

É o caso do sistema CAM (manufatura assistida por computador, na sigla em inglês), por exemplo, que tem sido empregado na usinagem de materiais endurecidos. De acordo com o gerente de processos da Sandvik Coromant do Brasil, Silvio Antonio Bauco, o sistema desempenha papel essencial, definindo o caminho e a trajetória da ferramenta. 

“É bom trabalhar junto com o programador”, comenta Bauco. Para ele, uma etapa que muitas vezes é ignorada na usinagem é o pré-acabamento: “A maioria pula diretamente para o acabamento, mas ele é o mais importante, porque ele espelha o acabamento”.

Outra solução apresentada no evento foi o revestimento DLC (carbono semelhante ao diamante), aplicado pelo processo PVD ou PECVD, com espessura final de alguns micra. 

“O DLC traz o baixo atrito do carbono e a dureza do diamante”, explica Paulo Vencovsky, consultor de Desenvolvimento e Aplicações da HEF Durferrit. O revestimento traz como benefícios o aumento de vida útil das ferramentas, redução de seus estoques, qualidade elevada por mais tempo, rapidez de produção e minimização de paradas.

Não só os materiais em si, mas a fábrica com tecnologia agregada também traz muitas vantagens competitivas, apontou Glauber Longo, diretor comercial da TopSolid, que tem soluções de fábrica digital integrada.

Outra ponta de digitalização que foi abordada no evento são as plataformas multilaterais, que podem se tornar um braço importante nos negócios. Produtores, consumidores, fornecedores, representantes comerciais, toda a cadeia fica integrada, alinhando-se oferta e demanda.

“Facilita a troca e faz interações criando valor para ambos”, explica Valdecir Pereira, sócio e diretor de P&D da GRV Software.

Uma das maiores inovações na indústria é a impressão 3D, também chamada de manufatura aditiva, em contraposição à manufatura subtrativa da usinagem. Atualmente, são muito usados os métodos fusão em leito de pó (LPBF), cujo tamanho da peça depende da câmara de fabricação, e deposição direta de energia, que requer acabamento, mas provê liberdade de tamanho, expôs Daniel Rodrigues, diretor da BRATS. 

A manufatura aditiva, entretanto, deve ser vista como uma tecnologia complementar, que não pode substituir totalmente a manufatura tradicional do aço. “Ela é vantajosa para produção de poucas peças. Imagine se seria possível configurar uma máquina para fazer apenas 10 ou 15 peças”, comentou Octávio Schichi.

A 6ª edição da ABM WEEK tem a Gerdau como anfitriã e conta com o patrocínio das seguintes empresas: Açokorte, Air Liquide, Alkegen, Amepa GmbH, Aperam, ArcelorMittal, Atomat Services, AutoForm, BM Group/Polytec, BRC, Braincube, CBMM, CEMI, Combustol, Clariant, Danieli, Dassault Systèmes, DME Engenharia, Eirich, Enacom, Engineering, Evonik, Fosbel, GSI, Harsco, Hatch/CISDI, Ibar, Imerys, IMS Messsysteme GmbH, Isra Vision Parsytec, John Cockerill Industry, Kuttner, Metso Outotec, Nalco Water/Ecolab, Nouryon, Primetals Technologies, PSI Metals, Reframax , RHI Magnesita, Saint-Gobain, SMS Group Paul Wurth/ Vetta, Spraying Systems, Suez, SunCoke, Tecnosulfur, Ternium, Timken, Thermo Fischer, TopSolid, TRB, Unimetal, Usiminas, Vale, Vamtec, Vesuvius, Villares Metals, Wallonia.be (ADI – Industrial Services, John Cockerill Hydrogen, BorderSystem, Datanet International, Synthetis e PEPITe), White Martins e Yellow Solution. Apoio especial: CNPq. Apoio institucional: Abal, Abendi, AIST, AIST Mena, Alacero, Casa de Metal, CBCA, Elsevieir, Ibram, ICZ e Instituto Aço Brasil. Apoio de mídia: CIMM e Ind4.0

Texto: Luciana Tamaki

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