ABM - Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração

Falta de regulamentação impede ampliação do uso do agregado siderúrgico, dizem especialistas

Workshop sobre agregado siderúrgico fez parte do pré-evento da ABM WEEK 2019.

O agregado siderúrgico é um co-produto oriundo do processo de produção da aciaria, composto de óxidos e silicatos e que tem como principal característica a alta resistência ao desgaste. Uma vez segregado e beneficiado, ele pode ser utilizado em substituição a recursos naturais finitos, como areia e brita, proporcionando ganhos ambientais e econômicos. 

Ao longo dos anos, avanços têm sido promovidos com o desenvolvimento de novas aplicações do agregado em obras de pavimentação, na produção de artefatos de concreto, em contenção de encostas, como lastro ferroviário e, mais recentemente, como insumo para a agricultura. 

“No entanto, ainda há campo para evolução, especialmente para aplicações não confinadas”, avalia Renato Teixeira Brandão, presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), de Minas Gerais. Brandão foi um dos participantes do workshop “Agregado Siderúrgico: Desafios e oportunidades”, que aconteceu no último dia 30 de setembro, na sede da ABM, em São Paulo.

Em Minas Gerais, a utilização do agregado siderúrgico é liberada para todos os usos. Os controles são realizados dentro do processo de licenciamento de cada projeto. Em outras cidades, contudo, o mesmo não acontece.

“A evolução do uso do agregado siderúrgico depende da elaboração de regras específicas de amostragem e de periodicidade de acompanhamento desse material”, diz Brandão. Segundo ele, é preciso desenvolver uma dinâmica que possa ser revista periodicamente, acompanhado a evolução do próprio setor siderúrgico. 

“Muitos dos aços produzidos hoje não existiam há dez anos. Isso impacta a qualidade das escórias de aciaria e do agregado”, diz o presidente do órgão ambiental mineiro.

Anualmente são gerados no Brasil aproximadamente 4,2 milhões de toneladas de escórias de aciaria com potencial para se transformar em agregado siderúrgico.

O workshop realizado pela ABM contou com a participação de Pedro Henrique Andrade Borges, analista de coprodutos da ArcelorMittal, e do professor Caetano Marciano de Souza, da Universidade Federal de Viçosa. Na ocasião, empresas como Usiminas, Ternium e Gerdau puderam apresentar cases de sucesso no processamento e na utilização de agregados.

Coordenado pelo professor José Carlos d'Abreu (PUC-Rio) e pelo consultor Luiz Cláudio Pinto Oliveira, o evento integrou a programação pré-ABM WEEK que contemplou, ainda, a realização de outro workshop sobre tecnologias de beneficiamento a seco e quatro cursos técnicos. 

“Este ano, fomos muito felizes ao ampliar a programação que antecede a ABM WEEK”, avalia Horacídio Leal Barbosa Filho, presidente executivo da ABM. Ele conta que aproximadamente 150 profissionais de várias regiões do país participaram das atividades neste dia rico em networking e conhecimento.

 

Texto: Juliana Nakamura
 

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