ABM - Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração

Digitalização eleva o reúso de água  

Conceito impulsiona a inovação de tecnologias que otimizam a gestão hídrica no setor minerometalúrgico.

O desenvolvimento de soluções disruptivas está reconfigurando a gestão hídrica nos setores de mineração e metalurgia, dentro e fora do Brasil. Disponibilizadas por grandes fornecedores, algumas dessas ferramentas são capazes de cruzar dados, detectar desperdício de água e emitir alertas sobre gargalos operacionais. Em contrapartida, facilitam a adoção de práticas e sistemas inteligentes visando reduzir o consumo e aumentar tanto a recirculação quanto a eficiência energética e a sustentabilidade.    

Um upgrade bem-sucedido, fruto da aquisição de tecnologias 3D e serviços fornecidos pela Ecolab, resultou, por exemplo, na melhoria do balanço hídrico dos sistemas de refrigeração da área de laminação a quente da ArcelorMittal Tubarão. A otimização começou com um trabalho de auditoria prévia da operação e das condições químicas do resfriamento, agregada à implantação de ferramentas de gestão e controle projetadas com o intuito de reduzir perdas líquidas em até 60.000 m3/mês, conforme informações da Ecolab. 

“Alcançamos ganhos excepcionais de sustentabilidade ao contribuirmos para a conservação de um importante recurso renovável: menos consumo de água doce e do descarte de efluente. O monitoramento online contínuo do estresse do sistema de suprimento também permitiu a redução substancial da corrosão, mesmo em condições com alto nível de contaminação por óleo”, afirmou Luis Armacollo, gerente de contas corporativas da divisão Nalco Water, da Ecolab. 

Siderúrgica mexicana recupera carga metálica contida em poeira e reduz as emissões de CO2
  
O executivo destacou também a performance de outros dois clientes. Ao adotar know-how de sua empresa, uma siderúrgica mexicana, líder global na produção de aço por redução direta, melhorou significativamente seus indicadores de sustentabilidade e de produtividade via supressão de poeira com partículas de ferro descartadas na atmosfera. Além de reduzir as emissões de CO2 em 1.009.843 Kg/ano, obteve uma recuperação metálica da ordem de 0,3%, representando uma economia anual de US$ 1.922.400.  

Na Europa, uma usina italiana combateu a corrosão em seu laminador, causada pelo resfriamento com água do mar, ao substituir o controle químico da dessalinização que, além de alimentar a oxidação, gerava forte impacto ambiental. Os dois gargalos foram removidos por meio de uma nova tecnologia fornecida pela Ecolab, reduzindo os custos operacionais em 150 mil Euros por ano. 

Tratamentos físico-químicos, com baixa geração de resíduos, e ferramentas de reúso utilizando membranas de ultrafiltração e osmose reversa integram o portfólio da Opersan, que tem clientes no setor siderúrgico e em não ferrosos (leia mais na retranca). Todas as tecnologias disponibilizadas, segundo a empresa, incorporam conceitos da Indústria 4.0, tal como sistemas que tornam as operações mais eficientes e competitivas. Por exemplo, no caso do reúso, a queda na conta mensal de água pode chegar a 50%, afirma o engenheiro químico Diogo Taranto, diretor de desenvolvimento de negócios da companhia. 

Nova fórmula para tratamento de rejeitos dispensa barragens e eleva reúso de água

“Após tratamento, efluentes oriundos dos mais diversos processos da cadeia metalúrgica adquirem condições para descartes em corpo hídrico. Com o emprego das tecnologias citadas, podem ser reutilizados nos processos industriais, em sistemas de resfriamento e/ou usos menos nobres, como lavagem de peças, pisos e sanitários”, explica o executivo. 

Já a Suez Brasil criou uma fórmula inédita de tratamento de rejeitos que elimina a necessidade de barragens ou baías de contenção. A iniciativa é resultado de pesquisas sobre reagentes químicos, aliada a conhecimentos relativos ao uso de filtros cerâmicos e foi testada na prática, com sucesso, como informou Marcelo Silva, gerente técnico comercial da Suez.

O bom desempenho operacional registrou-se na planta da Herculano, em Itabirito (MG), após o monitoramento de parâmetros sobre a separação do material sólido do líquido, seguido pela respectiva aplicação da tecnologia de filtração de minério de ferro denominada dry stacking. Concluída a reciclagem, os recursos hídricos contidos no efluente retornaram ao processo e o rejeito seco foi empilhado em aterros, porém, sem barragens líquidas.  

Com isso, a mineradora reduziu o consumo de água em 90%, além de obter ganhos de produtividade e ficar menos exposta a riscos operacionais. Hoje, em parceria com a Minexcell, a Suez oferece ao mercado a receita completa em filtragem cerâmica: filtros rotativos, serviços especializados e soluções químicas.


Auditoria técnica apontou formas de racionalização do consumo de água 

 

Leia também: Latas de alumínio tornam-se mais sustentáveis

Deixe seu comentário

Assine a newsletter

e fique por dentro de tudo sobre Metalurgia, Materiais e Mineração.